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Quando a gente começa a dialisar, tudo é muito novo, tudo é estranho, complicado... Daí, logo nas primeiras diálises, recebemos visitas de alguns profissionais que confesso, nem imaginava que existia em uma clinica de diálise. São eles, o Psicólogo e o nutricionista. Bom, neste post, quero falar sobre o psicólogo. Ele vem em nosso encontro conversando, tirando dúvidas que passam por nossa cabeça, se tornando um amigo. Na clinica onde faço minhas diálises, me tornei amigo não só da psicóloga, mas de todos os profissionais que ali trabalham. É muito bom fazer amizade e conversar e costumo brincar com os mais novatos que para a hora passar, precisamos dormir ou conversar, aí a hora voa, porque caso contrário, não vai, pois, termina o dia mas não dá a hora de você ir embora". rsrsrsrs...
Então, é ela, a psicóloga que vem nos visitar e conversar, nos ajudando a entender nosso tratamento.
Aproveitei que estava conversando com a Thais, psicóloga que nos atendia na clinica e fiz uma entrevista a qual deixo registrado aqui e espero que possa te ajudar tirar algumas dúvidas sobre nosso tratamento.
A entrevista ...
Apresentação: Meu nome é Thais Caroline Alves De Oliveira, eu sou psicóloga clínica e hospitalar, especialista em nefrologia multiprofissional, atualmente psicologa da equipe de combate ao coronavirus (covid-19) do hospital Municipal de São José dos Campos. Contato: Cel.: +55 12 98800-6319. Instagran: psicologa.thaiscaroline Atendimentos on line (via Skype), contato via direct. Cadastro no E-psi. CRP 06/150546 email: psicologa.thaiscaroline@gmail.com
Dialisandoo: Descobri que sou renal crônico e vou fazer hemodiálise, seria o melhor momento para procurar um psicólogo, no que isso me ajuda?
Psicologa Thaís Oliveira: Essa pergunta é importante. É preciso pensar, primeiramente, que toda a equipe que prestará os cuidados ao paciente renal crônica dará informações e orientações sobre o quadro do paciente, por isso, o psicólogo tem também o seu papel de relevância nos cuidados prestados ao paciente. Seu questionamento era se o auxílio do psicólogo ajuda, sim. Ajuda muito. Porque, o tratamento da hemodiálise trás muitas mudanças para a vida do paciente, seja do ponto de vista financeiro, limitações físicas, mudanças na alimentação, ingestão de líquido, entre outros. Sendo assim, o Psicólogo atua no acolhimento e compreensão dessa nova realidade na vida do paciente.
Dialisandoo: É bom que o familiar do paciente procure também, ajuda de um psicólogo?
Psicóloga Thaís Oliveira: É importante a gente pensar no papel da família diante do tratamento. A hemodiálise é um tratamento que exige muito do paciente, então a família auxilia nesse processo para que o tratamento tenha mais qualidade. De modo geral, como a família cuida e oferece apoio nessa jornada, é válido que esse familiar também seja acompanhando por um profissional de psicologia para não adoecer diante das mudanças que o tratamento exige.
Dialisandoo: Como lidar com o estresse durante o tratamento?
Psicóloga Thaís Oliveira: Sim, o tratamento gera muito estresse, sendo que esse estresse tem impacto direto na saúde do paciente. Para lidar com o estresse, cada paciente tem o que a psicologia chama de recursos, ou seja, explicando de maneira mais clara, cada pessoa vai lidar com situações estressantes de uma forma diferente. Para enfrentar de forma saudável o estresse, cada paciente utiliza os seus próprios recursos, por exemplo, há pacientes que gostam de leitura, outros de música, outros de ter momentos em família ou com amigos, outros desenvolvem o lado espiritual, cada um, vai lidar de um modo distinto. Vale salientar também, que independentemente da forma do recurso que o paciente utiliza, é preciso tratar os sintomas do estresse, por vezes com apoio de um profissional.
Dialisandoo: É comum o paciente renal crônico ter depressão e como a psicologia pode ajudar ele a combater a depressão?
Psicóloga Thaís Oliveira: Na verdade, é comum o humor deprimido do paciente no início do tratamento. Não é tão comum apresentar o diagnóstico de depressão por conta do tratamento, a menos que o paciente tenha histórico prévio de depressão. O humor deprimido acontece de modo comum por conta do impacto do tratamento na vida social do paciente. Lembrando também que a depressão é uma doença que requer tratamento médico e psicológico.
Dialisandoo: Quais são outros tipos de transtornos que o paciente renal crônico pode desenvolver?
Psicóloga Thaís Oliveira: Os transtornos psicológicos podem aparecer em diversas fases da vida, não necessariamente no tratamento da hemodiálise. É possível perceber o humor deprimido do paciente e os sintomas de ansiedade. Porém, nenhum transtorno específico.
Dialisandoo: Sobre a aceitação ao tratamento, qual a porcentagem de pacientes que aceitam numa boa, fazer hemodiálise?
Psicóloga Thaís Oliveira: É muito pequena a porcentagem de aceitação ao tratamento, acredito que entre 1% e 2%, de acordo com a minha prática pessoal. É possível observar que a aceitação é um processo e tem várias fases, seja a negação, o entendimento, entre tantas outras, não necessariamente com uma ordem prévia ou definida, até porque, estamos falando de pessoas e mais uma vez, cada uma delas tem uma história, um jeito de viver e enfrentar a vida.
Dialisandoo: Como o paciente deve se preparar psicologicamente para o transplante?
Psicóloga Thaís Oliveira: Essa questão do transplante é interessante, porque o paciente acredita que seria um momento de se libertar da hemodiálise, no entanto, o transplante outro tipo de tratamento. Uma vez que terá consequências diferentes, ou seja, o papel do psicólogo é trabalhar com o paciente as consequências desses tratamento na vida dele. Dessa forma seria o preparo psicológico que você mencionou na pergunta.
Dialisandoo: Sabemos que o pós transplante, o paciente pode ter seu novo rim rejeitado e por conta disso, muitos não querem se submeter ao transplante. Como a psicologia pode ajudar o paciente a se decidir fazer o transplante?
Psicóloga Thaís Oliveira: Como mencionei na pergunta anterior, a psicologia trabalha com o paciente as consequências desses tratamentos, inclusive a possibilidade de rejeição. Vale lembrar que o paciente não é obrigado a realizar o transplante. O transplante é uma forma de tratamento diferente oferta a ele. E a psicologia elucida tudo isso com o paciente.
Dialisandoo: O paciente de hemodiálise, tem que fazer uma dieta rigoroso, inclusive com líquidos, é comum muitos não aceitar e acabar passando mal entre as diálises. O que a psicologia clínica pode fazer para ajudar o paciente a entender que ele precisa fazer a dieta corretamente?
Psicóloga Thaís Oliveira: Para o psicólogo, a questão maior na dieta rigorosa é ouvir o paciente e compreender os motivos dele, entender como o paciente considera o controle dos líquidos, quais os impactos na vida dele. Mesmo orientando o paciente sobre o que é melhor para ele, é importante escutar a angústia dele. A mudança da ingestão de líquido é complexa pois, o paciente escuta a vida toda que beber líquidos é bom para a saúde, e quando o tratamento exige o controle é difícil para o paciente compreender.
Dialisandoo: Qual é o maior desafio para a psicologia ao trabalhar em uma clínica de diálise?
Psicóloga Thaís Oliveira: A psicologia em todas as áreas de atuação tem seus desafios. Especificamente nas clínicas de hemodiálise, acredito que o desafio seja sempre auxiliar na humanização, na qualidade do serviço prestado, de criar estratégias para que o paciente tenha uma adesão ao tratamento. Entretanto, mesmo com os desafios, cabe dizer que é ao mesmo tempo gratificante.
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